quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Doença.

Diretamente
Ao encontro do que me esperava de um outro lado.
Não esperei, nunca o terei, nunca o serei.
Quem sou?

Vivo a vida de quem não existe por si.
Existo só num só mundo,
Onde a vida não a há.
A escuridão penetra-me o espírito e a lucidez ataca-me a carne
Enquanto eu derreto perante a cadeira dos réus.

Pára!
Enterra-me rápido!

Não seja a terra um refúgio da Terra.
Não seja eu devorado pelo vírus da Humanidade.
Não tenha eu demasiado de mim para ser.

Quem terei de matar para atingir a liberdade ?
Um tiro atinge-me e eu sinto-me a parar
Mas parar de quê ?, meu deus se é que hás
Ajuda-me ou tortura-me.
Porquê a indiferença se essa é a pior arma ?

Rápido!
Mais rápido!

Já sinto o cheiro do consumo!
Um capitalismo vitalício meu e teu e nosso, nosso!
Ah que beleza o aroma da tenra e macia morte
Terrena e próxima, tão longíqua quanto o próprio Fado.

Oh, tristeza porque me escolheste ?
Que aborrecimento o eu ser!
Mestre, meu Mestre, que não o és para outros mas para mim o és.
Guia-me até ao futuro.

Aaaaaaaaaah
Enterra, mais terra!
Mais terra!

Os grãos de vida preenchem-me o espaço que por outros não poderia ser preenchido.
Estou preso em mim mesmo, que tédio,
Viverei livre nesta angústia de livre não ser
Que triste remédio este.

Mais, mais!

Quase.
Está quase.

Ajuda-me, levanta-me.
Derruba-me.
Não, atira-me.
Por favor, não!

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