Um préfacio rasgado perpetua uma existência falhada
O ultimato
Ele sabe que o tenho
Sabes tu que eu não o vou ter
Iletrado será aquele que não o quiser
Impossibilidade
Relativismo de uma vida estagnada onde um ano se torna sete
Sete anos
Seis anos
O que importa o tempo quando a vida não sara
Não sara a dor que construíste
Não sara a dor que foi construída
Não cicatriza a ferida
Carne viva
Palpitando no fundo da minha alma
Um monstro crepita nas chamas da dor que me consome
O monstro alimenta-se de tudo o que eu não tenho
Sedento de tudo o que não posso ter
Morto por tudo o que terei.
Dualidade será um eu que é nós
Nós
Será nós a duplicação do eu,
Ou será
A junção de dois eus?
Estarei eu confuso ou duplicado?
Deteriorado
Arrasado
Despedaçado.
Dado ou não dado
Não ficarei
Não estarei
Sairei.
Esta existência a que me habituo consome-me
Deleita-se da minha dor
Contorce-se de prazer
Esfrega-se na pele de um organismo morto
Pois dele não sairá vida
Pois dele não sairá vida
A vida que nele existira, saiu.
Fugiu em busca de um futuro promissor.
Morreu e renasceu das cinzas
Como o cliché da fénix que enoja qualquer um.
O clássico clássico que nos classifica.
Clichés.
Sabes que de todos os sentimentos que tive
Este é o melhor.
O sentimento de nada sentir.
Sinto a minha alma dormente.
Toda a minha existência adormeceu,
Estancou num ponto do tempo.
O tempo parou.
A vida continuou.
Fiquei para trás.
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