O parasita entrou no sistema.
Instalou-se nas veias.
Aí correu com o sangue.
Invadiu-me os canais.
Entupiu-me o fígado.
Modificou-me.
Modificou-me.
O comando reagiu.
Senti.
Vivi.
Ri.
Pensei.
O pensar destruiu o que tinha construído.
Não havia nenhuma bolha.
Não havia proteção.
Eu estava à deriva.
À deriva em mim.
O que estava em mim estava agora a flutuar.
A dispersar
Presságio.
Um agoiro percorreu os neurónios.
Eu sabia o que ia acontecer.
Tinha temido isso.
Tinha sentido isso.
Tinha sabido isso.
Estava a sentir-me aberto.
O meu eu dissecava-me de dentro para fora.
Estava agora pronto para estar fora.
Não.
Tudo o que eu pensara saíra.
Não.
Era tudo o que eu temia.
Não.
A merda de proteção que eu construíra.
Destruíra-se e assim me destruíra a mim.
Estava agora exposto.
Em ruínas.
Como um belo monumento trágico.
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