Não foste tu
Fomos nós
Contigo, comigo.
Tirei do verde todo o azul
Com o amarelo fiquei.
Juntei todo o encarnado que tinha.
E com laranja escarlate terminei.
Não foste tu.
Mesmo.
Fui eu que misturou.
Fui eu quem confundiu o preto e o branco.
E não,
Não acabou.
A discrepância com que te vejo
Através desta lente suja
Imundície com amarelejo.
Voo como a coruja
Que presa se mantém,
No friso de um azulejo.
A beleza é estática.
Embelezar-se um suicídio é
E seguindo a sistemática,
Não passar de um rodapé.
Não passar de uma sequência de cores.
De uma mistura de figuras.
Ou o contrário?
Não seremos todos um friso desprovido de beleza,
E por isso vivemos?
A beleza é a morte
A morte de uma vida.
A vida só é bela
Quando se dela desatrela.
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