segunda-feira, 4 de março de 2013

Distorção.

Fabriquei de mim o último manto protetor
Sacrifiquei-me em meu nome
Construí-me
Perdi-me.

O que eu era foi-se
Quebrou-se
Multiplicou-se.

No fundo, tudo não passou de uma partenogénese.
Partenogénese do corpo
Da alma.
Da vida.
A parte que eu perdi de mim se desprendeu,
para noutro alguém permanecer.

Noutro alguém que se foi
Um nós que existira
Não me lembro bem quando
Ou como.
Sei que sim,
Existiu.

Uma voz ecoa no meu corpo
Repetição do passado
O meu interior apregoa

O meu amor por ti será
Foi,
É,
O que foi, é e será.

Luto contra uma força invisível
Luto contra mim
Luto.
A morte passou e o luto ficou.
Imprevisível.
A força abominável derrota-me
Deita-me pelo chão.

Oh demónio,
Que resides dentro de mim
Destrói-te para finalmente
Me mudar, assim.

Outrora vivi
Sobrevivi
E assim
enfim.

EU AMO-TE

E então o demónio volta a calar-se
E nas minhas vísceras o silêncio reina.
Consome-me.
Possui-me.

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