sexta-feira, 5 de julho de 2013

Asco.

Há um sentimento universal
Amor de mãe
Amor de filho
Supostamente uma emoção magistral.

Mas há então uma exceção
Em que a mãe esquece o filho
O filho detesta a mãe
Tudo sem que haja compreensão.

E então cresce a tensão
Onde o filho não sabe viver
E a mãe não vive sequer
Sem hipótese de confraternização.

O tempo passa
A relação, gasta,
Não se trata de nada mais nada menos,
Do que uma morte que se arrasta.
Não física, mas relacional.

Com tamanha disparidade
A mãe descarrega no filho
O filho farta-se da mãe
Uma relação com prazo de validade.

O filho nasce
O filho cresce
O filho morre por duas vezes
E de tudo o que se passa,
Nada vê
Uma relação que ecrudesce.

O tempo passou
A mãe não repara
O filho fugiu
Não há alternativa
Não há escolha.

A mãe morre
O filho vive
Já não se conhecem.

O que era um sentimento universal
Tornou-se um sentimento puramente genital.
Em que a relação se assenta
Sobre o o útero onde foram criadas as primeiras células,
De um filho mártir
E de uma mãe desatenta.

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