segunda-feira, 8 de julho de 2013

Diamante.

O mineral que brilha
Inquebrável
Indestrutível
Uma eterna armadilha.

Porém
Tudo tem fragilidades
Quando se fala em saudades
Fala-se de alguém que as tem.

Alguém que se destrói
Alguém que se quebra
Frágil
Um herói que se rói
Que se mói, corrói, destrói.
Dói.

Dói pensar
Que o mais indestrutível dos seres
Seja frágil.

Oh saudade,
Que me consomes 
Que me chamas
Leva-me de uma vez.
Leva-me para onde devo ir.
Possui-me,
Mete-me em chamas,
Mata-me, Fulmina-me.

Não posso,
Não podes.
Estamos condenados
À pobre existência.

Uma pitada de decadência,
Uma confidência na delinquência,
Demência na ausência
Falta de carência.
Obediente, impaciente,
Espero pela ambivalência
Da violência.

A perdição tomou conta de mim.
Oiço sons que me chamam,
Oiço vozes, oiço as sombras
Oiço demónios que me ama,
Uma sinfonia de gritos que me aterroriza
Simultaneamente me atrai.
Um circo de mortos,
Repleto de alegria negra
Felicidade falsa
Praxe da sociedade.

Eu amo-te, 
Amo-te decadência.
Amo-te demência.
Sei o que sinto
Não sei o porquê,
Será coincidência?

Não sinto os membros,
Tenho o cérebro dormente,
O tronco morto.
O meu cérebro canta antigas vitórias
Glórias passadas
Orgulhos inexistentes.

Sinto um calor
Um calor interior
Superior ao do exterior.
Um ardor que corrói
E destrói.
Não por existir, mas por ser incógnito.

Divago assim na minha perdição
A germinação da minha fulminação.
O Inferno deu o seu veredicto.
Não tenho lugar em qualquer lugar.

Estou condenado a viver na Terra.
Onde o terreno dói.
Corrói, mata, rói.
Quando mais pensamos ser indestrutíveis
Confiamos na resistência
Da nossa alma imortal.

Vivemos mortos
Nascemos para morrer
Morremos para viver.

Numa existência cíclica
Que tudo de bela tem.
Mas que tudo retém
Porém destrói, também.




Sem comentários: